O BRANQUINHO QUE APAGA A HISTÓRIA E A CONSTRUÇÃO DO JOVEM NEGRO
Sabe-se que parte da construção social de cada indivíduo é definida pelos ensinamentos que a escola oferece, sendo que tudo que for aprendido ou não, pode ter reflexo em sua construção particular. Desde as gerações mais antigas tem-se, instaurado nas escolas, a presença do racismo, gerando a fraca ou deturpada construção pessoal e social dos jovens negros, além de ser um dos fatores da manutenção racista na sociedade.
Em 2003 foi aprovada a lei 10.639, que obrigada todas as instituições de ensino a implementar em seu currículo escolar a cultura Afro-brasileira e Africana, mas será que tais ensinamentos estão realmente sendo aplicados à construção pessoal dos alunos?
"Eu acho que a escola não acrescentou nem positivamente e nem negativamente para minha construção pessoal, pois eu não aprendi nada além da escravidão", afirma Ana Luiza, do 3° ano do ensino médio, do colégio E.E. Wandick de Freitas.
Ana ainda completa: "Eu também posso te dizer que existiram alguns momentos desconfortáveis, onde a professora falava sobre a escravidão e dava para notar um desconforto da sala por eu ser negra, mas não é porque eu sou negra que eu sou escrava. São outros tempos!".
João Carvalho, formado na escola em 2015, tem opinião semelhante, mas também afirma que teve oportunidade de fazer um projeto sobre Chica da Silva, promovido pela escola: "Assim como tem-se que falar de Minas e de Tiradentes, uma hora a escola precisa falar dos negros como Mandela, Malcolm X e Luther King".
"Toda forma de preconceito impede o indivíduo que a sofre de uma participação plena na vida cultural, o que engloba a dimensão escolar (...)", diz Renilson José e Neucimara Ferreira, graduados em letras, no artigo "A visão do negro no livro didático de português".
Os autores ainda afirmam que tais alunos assimilam a desvalorização do negro, presente no livro didático, atráves dos papéis que lhe são atribuídos como, por exemplo, o negro ser sempre a criança suja e a mulher negra ser sempre a cozinheira ou serviçal, mas nunca a patroa.
"As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram os que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos"- Malcolm X
Foto: Amanda Letícia/ Legenda: Lucas Vinicius, estudante.
